A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) descartando o uso de máscaras em crianças com menos de 5 anos gerou controvérsias entre os pediatras. Para os profissionais ouvidos pela revista Crescer, a diretriz é “equivocada e desnecessária”.
LEIA MAIS:
- Crianças podem ser mais contagiosas do que adultos, aponta estudo de Harvard
- Como reconhecer sintomas de coronavírus em crianças, segundo pediatras
- Coronavírus: cuidados de desinfecção ao ir e voltar do supermercado
A recomendação da OMS considerou um estudo feito em laboratório que sugeriu que crianças entre 5 e 11 anos ficavam significativamente menos protegidas pelo uso de máscara em comparação com adultos. “Vários estudos descobriram que fatores como calor, irritação, dificuldades respiratórias, desconforto, distração, baixa aceitabilidade social e mau ajuste da máscara foram relatados por crianças ao usarem máscaras”, argumentou a organização.
Ainda segundo a OMS, “os benefícios do uso de máscaras em crianças para o controle da covid-19 devem ser pesados contra os danos potenciais associados ao uso de máscaras, incluindo viabilidade e desconforto, bem como questões sociais e de comunicação”.
Renato Kfouri, vice-presidente do Departamento de imunização da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), afirma que não há evidências que comprovam que o uso não é eficiente, assim como do contrário, mas que há um trabalho de conscientização da população. “Prevenir é sempre o melhor a fazer. Uma orientação dessas apenas confunde os pais, é um desserviço”.
Para o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria (AAP), o uso da máscara reduz a transmissão do novo coronavírus e recomenda a utilização em crianças a partir de 2 anos de idade, sempre com supervisão de um adulto.
“Sabemos que crianças com mais de 5 anos têm um maior controle e conseguem tirar e colocar a máscara, mas, se bem supervisionados e instruídos, os menores também conseguem usar de forma adequada”, diz.